Conforme dados do IBGE, há
aproximadamente 16,5 milhões de pessoas com deficiência visual
total e parcial que encontram-se excluídas ao acesso aos bens
culturais. 
A
audiodescrição é  um recurso de acessibilidade muito relevante que
permite a descrição clara e objetiva das informações visuais que
não estão contidas nos diálogos como: expressões faciais e
corporais, informações sobre o ambiente, mudanças de tempo ou seja
qualquer informação escrita. 
O contexto escolar é um espaço
social capaz de despertar o desejo dos seus alunos desde a mais tenra
idade de sentirem o gosto e o prazer de exercer o direito ao
conhecimento a um produto cultural. Esse desejo só será 
impregnado
nos alunos, se fizer parte das práticas escolares e é uma boa
estratégia de aprendizagem. A audiodescrição que é a arte de
traduzir os objetos ou imagens em palavras estabelece um novo patamar
de igualdade centrado na valorização da diversidade nos espaços
culturais como: cinema, teatro, museus, exposições e outras
atividades culturais. 
A amostragem dos dados estatísticos
podem ser subtraídos,  se esse movimento de acesso aos bens
culturais começar bem cedo com as pessoas deficientes visuais
tanto no  contexto familiar  quanto no escolar. 
A escola pode  começar a despertar
o gosto dos seus alunos pelos produtos culturais inserindo em suas
práticas o acesso a cultura através das mídias, com essa atitude
estará promovendo a cooperação entre os alunos cegos e ou baixa
visão com os alunos videntes em sala de aula. O professor será o
grande  mediador desse processo. Para iniciar a conversa poderá ser
proposto ao grupo a exibição de um vídeo com audiodescrição,  em
seguida realizar um trabalho de conscientização sobre as
especificidades da pessoa com deficiência visual e a importância
dos recursos de acessibilidade que oportunizam o acesso à cultura de
forma inclusiva.
O vídeo As cores das flores,
disponível no Youtube, trata de um grande desafio escolar de um
menino deficiente visual que precisa escrever uma redação sobre as
cores das flores. A bela mensagem do vídeo, instiga uma rica
reflexão sobre as práticas escolares para alunos com deficiência
visual e possibilita tratar de outras questões pertinentes como:
preconceito, vínculo afetivo, respeito às diferenças e propostas
de atividades que são basicamente para alunos videntes  e sem
nenhuma adaptação para os alunos com cegueira. 
O
vídeo As cores das flores se passa em uma sala de aula na Espanha,
onde o tema da aula, são as cores. Após a explanação sobre o
respectivo tema a professora propõe a turma um trabalho de redação
sobre as cores das flores. Diego é um aluno deficiente visual faz parte da turma. Após a proposta a professora se despede da turma
e fica a pergunta no ar, como Diego conseguirá fazer a atividade se
não vê as matizes? A partir daí,  a mobilização começa por
parte dos colegas, professora (AEE e/ou itinerante), pai e mãe. As
atitudes de  ajuda ao menino vieram em forma de incentivo, pesquisas
em sites, manipulação tátil de flores, contação de história e
informações orais.  Certo dia  Diego passa com sua mãe  em lugar descampado e bucólico onde  pode ouvir o canto dos pássaros, sentir
o cheiro das flores, perceber a brisa suave em sua pele,   foi então
que teve uma ideia, comentou com a sua mãe. Ao chegar na sala de
aula, começa a produzir o seu texto na máquina Braille ao mesmo
tempo que sofria várias interferências do ambiente como: colegas
vindo ao seu lugar trazendo informações sobre a definição de cor
e colegas que estavam fazendo a leitura de suas produções na frente
do grupo. Quando a professora faz um novo apelo ao grupo para a
leitura, Diego levanta a sua mão destaca o texto da sua máquina e
vai a frente com muita desenvoltura e lê em voz alta dizendo: “As
flores são da cor do passarinho. E existem muitas cores de flores.
Por isso, há muitos passarinhos porque há um passarinho para que
cada flor tenha a sua cor. Também têm flores cor de abelha e também
cor da vaquinha do campo...” É emocionante ver e constatar que
esses seres especiais tem tantas potencialidades e sensibilidades. O
vídeo é complementado com legenda em português. Além da
possibilidade de troca através do debate que o vídeo  proporciona
através dos temas sugeridos e outros, a audiodescrição, poderá
ser realizada por um aluno da turma que terá a oportunidade de
vivenciar a prática desse recurso de acessibilidade tão relevante e
importante  para a inserção de pessoas com deficiência visual nos
espaços  de cultura. 
*Referências
de Leituras: 
a)
Brasil. Nota Técnica, Nº 21 – Orientações para descrição de
imagem na geração de material digital acessível – Mecdaisy.
MEC/SECADI/DPEE, 2012. Disponível em
http://portal.mec.gov.br/index.php?
b)
Motta , Lívia Maria Villela de Mello; Filho, Paulo Romeu (Org.).
Audiodescrição: transformando imagens em palavras. São Paulo  -
SEDPD, 2010. disponível na opção LIVROS do site:
www.vercompalavras.com.br.
Acesso em 01/11/2013