quinta-feira, 26 de junho de 2014

O Modelo e a Diversidade


               
            





                           


     Com toda evolução tecnológica vivida na sociedade contemporânea, o sistema educacional vigente ainda é pensado pelos seus autores como um modelo padronizado que não se enquadra muitas vezes, no perfil do seu público alvo.  A educação é o produto cujo processo é assegurado por uma instituição oficial chamada escola, que na maioria das vezes não leva em conta as diferenças dos seus educandos.
 Pensar a educação é pensar nas relações humanas, é pensar nos valores, em direitos, é entender que o sujeito constituí a sua  subjetividade na relação com o outro e com o meio em que vive.
    As crianças ao ingressarem na escola chegam cheias de desigualdades devido as suas experiências como indivíduo, constituídas nas relações sociais em um processo sócio histórico.  Na escola não se adquire apenas conhecimentos, aprende-se também uma série de valores e de normas de comportamento. Dialogando com o texto sugerido para reflexão, “O modelo dos modelos” (Italo Calvino) penso  que se tratando de educação de pessoas não podemos fazer conjecturas que levem a construir modelos padronizáveis que engessam a visão do educador, que discrimina e exclui, favorece uns em detrimento de outros, desrespeita o ritmo e a singularidade de cada indivíduo e isso é legitimado muitas vezes, pelas suas práticas pedagógicas inconsistentes e o distanciamento dos conteúdos escolares em relação aos questionamentos que os alunos  trazem para escola. Visto que a história da educação está recheada de visionários que de tempos em tempos elaboram as suas teses para entender o processo de escolarização do sujeito. Exemplificando: na visão de Locke (1960) o aluno não pode ser um tabula rasa onde apenas recebe os conteúdos de forma unilateral ou na visão de Paulo Freire (1970) com o ensino bancário onde o conhecimento é “depositado” no indivíduo e depois “sacado” de acordo com a necessidade. Essas duas visões e as demais contribuíram para ampliar a visão do teórico e/ou pesquisador, portanto não podemos perder o foco que a escola como instituição social tem um papel fundamental na formação humana. Ela não deve ser eficaz somente para uma pequena parcela do seu alunado.
       Portanto a  realidade educacional atual nos aponta para uma mudança de paradigma, a  visão  padronizável e  homogeneizável é cada vez mais incipiente para atender a diversidade, não só dos alunos incluídos, mas de todos aqueles que precisam e necessitam também, ter os seus direitos de acesso e permanência educacionais garantidos.
     O professor do AEE é o agente da inclusão. Ele deve primar por uma visão heterogênea e inclusiva do seu grupo, precisa estar cada vez mais preparado para contribuir com o crescimento de   todos os alunos oportunizando a  participação no processo educativo, considerando as suas necessidades específicas.

                                                                                                       Maria Jurema M. Peçanha
                                                                                                                      26/06/2014

*Referências:  
1) Texto para reflexão: O modelo dos modelos – Italo Calvino

2) Cuidado escola! : desigualdade, domesticação e algumas saídas – Babette Harper ...et al; e apresentado por Paulo Freire. (imagem)

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A Baixa Tecnologia para TGD



A comunicação humana é uma das práticas culturais mais significantes e fundamentais para o ser humano. Esse processo não é inato ou maturacional, mas sim sócio-histórico e se desenvolve ao longo da vida. (Rosangela Bez). As falhas na comunicação acontece quando, pelo menos um dos participantes apresenta déficits na construção ou na compreensão de sentidos e significados na forma da linguagem falada.
As pessoas com Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) tem prejuízo na comunicação que afetam as habilidades verbais e não verbais podendo haver atraso ou falta total de desenvolvimento da linguagem falada. O uso da Comunicação Alternativa (CA) surge justamente para apoiar esse processo de comunicação, propiciando subsídios, ao suplementar, complementar ou construir um processo de comunicação.
O sistema de comunicação Alternativa é constituído de recursos, estratégias e as técnicas que apóiam modos de comunicação existentes (fala reduzida e pouco inteligível) ou substituem a fala.
Os recursos que auxiliam as pessoas na comunicação, podem ser de alta ou de baixa tecnologia.
As pranchas de comunicação são recursos de baixa tecnologia. Elas são superfícies onde inserimos os símbolos e o vocabulário que serão utilizados para expressar sentimentos, situações, fazer, solicitações e comentários. Podem ser construídas utilizando-se objetos, símbolos, letras, sílabas, palavras, frases, ou números. As pranchas são personalizadas e devem considerar as possibilidades cognitivas, visuais e motoras de seu usuário. Elas podem ser genéricas (contexto social /ações cotidianas) ou específicas (temática específica).
O AEE busca os instrumentos necessários à eliminação de barreiras que as pessoas com deficiência têm para relacionar-se com o ambiente externo.
As dificuldades funcionais de um aluno com TGD, na realização das tarefas podem ser transformadas em possibilidades funcionais e participação se for devidamente provido os recursos necessários, considerando o contexto educacional o qual está inserido, atendendo as suas necessidades, habilidades, gostos, desejos e preferências.

*Recurso: Prancha de Comunicação

*Público Alvo: Alunos com TGD (todas as faixas etárias)

* Local: sala de aula comum, SRM ( para abordar as atividades escolares ou conteúdos pedagógicos) na sala de leitura (poderá ser utilizada para fazer inferência na leitura das diferentes tipologias textuais).

*Desenvolvimento: As pranchas de comunicação serão usadas nas diferentes interações sociais que o aluno estiver participando. O professor selecionará fotos, figuras, desenhos ou objetos concretos relacionados aos diferentes temas que irá abordar. Em seguida confeccionará a prancha que poderá ser específica ou genérica. A interação aluno e professor é permanente a partir das imagens e as intervenções deverão ser balizadas com perguntas objetivas e que valorizem as respostas. Na atividade com as pranchas poderá ser permitido a sinalização do “sim” e do “não” ou através de gestos ou expressões dependendo da condição de comunicação do aluno.        
                                                              

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Surdocegueira e a Deficiência Múltipla

A Educação Especial vem tornando a surdocegueira e a deficiência múltipla relevantes, criando novas perspectivas educacionais para as pessoas surdocegas e deficientes múltiplos, corroborando para a construção da inclusão social.
Segundo Monteiro (1996) as pessoas surdocegas são aquelas que tem perda substancial da visão e audição onde a associação das duas deficiências cause extrema dificuldade na conquista de objetivos educacionais, vocacionais, de lazer e sociais. Porém há uma unanimidade nas diferentes definições da surdocegueira, todas salientam que é uma deficiência única e não o somatório das deficiências visual e auditiva.
A surdocegueira pode ser congênita quando a pessoa já nasce com a dupla deficiência e a adquirida quando a perda de sentidos se dá com o passar do tempo. A surdocegueira adquirida pode ser classificada em pré linguística (perda antes da aquisição da linguagem) e pós-linguística (perda após a aquisição da linguagem).
De acordo com o MEC (Brasil, 2002 b-p.13) “as crianças surdocegas podem apresentar perfis distintos, em função de vários aspectos como: características da interação que mantém com o meio, decorrentes do comprometimento dos sentidos de distância (audição e visão) e da disponibilidade do meio para interagir com elas utilizando formas adaptadas às suas necessidades: grau de perda auditiva e visual; outros comprometimentos associados, entre eles o motor e o neurológico.” Portanto a eficiência dos resíduos, dos sentidos remanescentes, e a qualidade dos serviços oferecidos é que determinarão as aquisições importantes  destes indivíduos.
A deficiência múltipla, segundo os PCN da Ed. Especial (1998), define como, a associação em um mesmo indivíduo de duas ou mais deficiências primárias (mental/visual, auditiva/física), comprometendo o desenvolvimento global e a capacidade adaptativa dos mesmos. É importante ressaltar que as pessoas vejam o deficiente múltiplo como um sujeito com potencialidades e não como incapaz devido às suas perdas. Os indivíduos com múltipla deficiência têm uma variedade de necessidades que se assemelham às necessidades dos indivíduos surdocegos.
Como qualquer pessoa, o surdocego e o deficiente múltiplo anseiam por participar da vida social e a comunicação é uma das suas necessidades básicas. Embora todas as formas de interação de comunicação devem respeitar a individualidade de cada sujeito. Isto refere-se as pessoas que irão mediar o seu contato com o meio. Esse mediador terá a missão de ampliar o conhecimento do mundo para essas pessoas, visando a lhes proporcionarem autonomia e independência. Portanto deve-se disponibilizar recursos para favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico, tanto verbal quanto em outros registros, como o gestual.
Os surdocegos e os deficientes múltiplos se utilizam de várias estratégias para aquisição da comunicação são elas:
*Objetos de Referência: São objetos que têm significados especiais, os quais têm a função de substituir a palavra.
*Caixa de Antecipação: Ela permite conhecer os primeiros objetos de referência que anteciparão as atividades.
*Calendários: São instrumentos que favorecem o desenvolvimento da noção de tempo e ajudam a compreender a rotina.
                 
                                                                               

*Libras Tátil: A língua de sinais utilizada pelas pessoas surdas adaptada ao tato.
*Datilologia ou Alfabeto Digital: Consiste em escrever as letras de forma maiúscula na palma da mão.          
*Tadoma: A mão da pessoa surdocega se coloca nos lábios, bochecha mandíbula e garganta do interlocutor.   
*Fala Ampliada: Consiste falar de forma clara perto do ouvido do surdocego. Esse meio é utilizado quando há ainda algum resíduo auditivo.

*Escrita Ampliada: É um sistema alfabético que se baseia na escrita com tipos ampliados. Esse meio é utilizado quando há algum resíduo visual.

*Loops: Aparelho de amplificação sonora que ajuda na recepção da mensagem.

*Guia-Intérprete: Pessoa que utiliza diversas formas de comunicação com o surdocego.

*Referências Bibliográficas:
a) Fascículo: Surdocegueira e Deficiência Múltipla – MEC, SEE e UFC
b) Parâmetros Curriculares Nacionais – Educação Especial - MEC/SEF/SEE, 1998
c) Monteiro, A.M (1996) Surdez -Cegueira, Revista Benjamin Constant       

quarta-feira, 12 de março de 2014

OS SONS INCLUSIVOS DA SURDEZ



A história comprova que a evolução conceitual da surdez sempre esteve atrelada ao modo de como o estudioso e/ou pesquisador à concebe. O binômio surdez e linguagem sempre fizeram parte do debate no campo das ideias dos pesquisadores, por isso, de tempos em tempos ecoam sons que deixam marcas, equívocos e contribuições em prol da educação da pessoa com surdez.
Conforme Damázio essas pessoas enfrentam inúmeros entraves para participarem da educação escolar, decorrentes da especificidade do limite que a perda da audição provoca e da forma como se estruturam as propostas educacionais.
Em um dado momento histórico ouve-se o som dos oralistas e gestualistas que tenderam centrar a defesa de suas ideias ora no gestual,ora no oral, esquecendo de tratar a pessoa surda como ser social, político, cultural, afetivo e linguístico, que pode ser estimulada tornando-se produtiva e desenvolvida. Segundo Damázio muitos alunos com surdez podem ficar prejudicados pela falta de estímulos adequado nesses aspectos e ter perdas consideráveis no desenvolvimento da aprendizagem, ficando aquém dos demais colegas da classe. O som. dos gestualistas e oralistas, trouxe a dicotomização entre as duas visões e passa-se a ouvir um outro som, a concepção pós moderna, que não vê a pessoa surda como um ser deficiente mas que apenas apresenta uma perda sensorial auditiva e é dotada de consciência, pensamento e linguagem. Na sociedade a pessoa com surdez muitas vezes não é vista por suas potencialidades, mas pelas suas limitações impostas por sua condição. Outro fator que reduz a condição da pessoa com surdez é negá-la a experienciar as interações sociais com os ouvintes é reduzi-lá ao gueto de um mundo surdo com uma identidade e uma cultura surda. Conforme Damázio é no descentramento identitário que podemos conceber cada pessoa com surdez como um ser biopsicosocial, cognitivo, cultural, não somente na constituição de sua subjetividade mas também na forma de aquisição e produção de conhecimentos, capazes de adquirirem e desenvolverem não somente os processos visuais-gestuais, mas também de leitura e escrita e de fala se desejarem.
Em outro momento histórico ecoa o som das tendências que se fundamentaram em três abordagens diferentes: a oralista, a comunicação total e o bilinguismo. No oralismo a fala e a leitura labial são privilegiadas em detrimento às demais possibilidades do sujeito. Comprovadamente essa abordagem não atingiu resultados satisfatórios por negar a língua de sinais, natural das pessoas com surdez. A comunicação total ou bimodalismo adota o uso de todo e qualquer recurso para a comunicação, a linguagem oral se sobrepõe e prejudica a comunicação através da língua de sinais. Os resultados obtidos através da comunicação total são controversos quando observamos as pessoas com surdez no seu cotidiano, parecem não terem avançado no seu desenvolvimento comunicativo mantendo-se segregadas no contexto maior da sociedade. Ambas as tendências negam a língua natural das pessoas com surdez e provocam perdas consideráveis nos aspectos sócio-afetivos, linguísticos, políticos culturais e na aprendizagem. O bilinguismo preconiza a utilização de duas línguas, a língua de sinais e a língua da comunidade ouvinte. Portanto, nesta abordagem cada língua tem seu papel fundamental, não se misturam e não se descaracterizam como diferenças linguísticas.No tocante ao campo educacional essa tendência se mostra satisfatória por eleger a língua de sinais como primeira língua e a língua portuguesa a segunda na modalidade escrita. Em conformidade com esta proposta publica-se o Decreto 5.626 de 5 de dezembro de 2005 que legitima a Libras como a Língua da pessoa com surdez. Os resultados educacionais nessa abordagem ainda estão se sistematizando com práticas educacionais que promovam a participação e aprendizagem dos alunos com surdez.
O aluno surdo não é pior do que o aluno ouvinte, tem as mesmas capacidades cognitivas porém tem uma forma única e peculiar de aprender por compartilhar de duas culturas e que precisa apropriar-se de ambas. Segundo Damázio é necessário reinventar as formas de conceber a escola e suas práticas pedagógicas rompendo com os modos lineares do pensar e agir no que se refere a escolarização. O paradigma inclusivo não se coaduna com concepções que dicotomizam as pessoas com e sem deficiência. 
Na educação de pessoas com surdez destaca-se a proposta bilíngue que pauta a organização da prática pedagógica na escola comum, na sala de aula comum e no AEE. 
O AEE promove o acesso dos alunos com surdez ao conhecimento em duas línguas, Libras e Língua Portuguesa. Ele deve ser interdisciplinar e compreendido como uma teia de relações, onde as informações se processam como instrumentos de interlocução e diálogo. O AEE envolve três momentos didático-pedagógicos que acontecem todos os dias no contraturno, os professores devem ter formação na sua área de atuação e serem engajados na proposta, o ambiente de ensino deve ser rico em materiais com todo tipo de referência que contribuam com aprendizado dos conteúdos escolares, o planejamento deve sempre ocorrer em parceria com os professores envolvidos e deve partir do nível de conhecimento do aluno com organização metodológica e didática específica para o aluno com surdez e a avaliação deve ser concomitante ao processo de ensino aprendizagem com o objetivo de assegurar os avanços do aluno e redefinir o planejamento.

*AEE em Libras: O professor e/ou instrutor (preferencialmente surdo), sedimenta a base conceitual dos conteúdos curriculares utilizando a língua nas diferentes modalidades, etapas e níveis como meio de comunicação e interlocução.

*AEE de Libras: O professor e/ou instrutor ( preferencialmente surdo) ensina e enriquece os conteúdos curriculares promovendo a aprendizagem. O planejamento deve ser a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da Libras. Esse momento exige organização metodológica didática especializada.

*AEE de Língua Portuguesa: O professor formado em Língua Portuguesa (preferencialmente) desenvolve a competência gramatical, linguística e textual dos alunos com surdez.
Ao som das leis, decretos, propostas e planos ainda é um grande desafio a educação e a inclusão de alunos com surdez nas escolas comum. Embora muitas mudanças foram alcançadas, novos conceitos surgiram e , a partir de um novo contexto com a proposta da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), preconiza-se uma escola para todos e com todos , sem separações de sexo, raça, credo e classe social que está aberta para acolher as diferenças, e que possibilite a construção individual dos seus alunos tornando-se um dever do estado e a garantia do direito adquirido do sujeito, vislumbrando para todos as mesmas possibilidades de realização humana e social.


*Bibliografia:

  • Coletânea UFC – MEC/2010 – Educação Especial na Perspectiva Inclusiva Escolar
    (Fascículo Nº05: Educação escolar de Pessoa com Surdez AEE em construção)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A Audiodescrição no Contexto Escolar



Conforme dados do IBGE, há aproximadamente 16,5 milhões de pessoas com deficiência visual total e parcial que encontram-se excluídas ao acesso aos bens culturais.
A audiodescrição é um recurso de acessibilidade muito relevante que permite a descrição clara e objetiva das informações visuais que não estão contidas nos diálogos como: expressões faciais e corporais, informações sobre o ambiente, mudanças de tempo ou seja qualquer informação escrita.
O contexto escolar é um espaço social capaz de despertar o desejo dos seus alunos desde a mais tenra idade de sentirem o gosto e o prazer de exercer o direito ao conhecimento a um produto cultural. Esse desejo só será
impregnado nos alunos, se fizer parte das práticas escolares e é uma boa estratégia de aprendizagem. A audiodescrição que é a arte de traduzir os objetos ou imagens em palavras estabelece um novo patamar de igualdade centrado na valorização da diversidade nos espaços culturais como: cinema, teatro, museus, exposições e outras atividades culturais.
A amostragem dos dados estatísticos podem ser subtraídos, se esse movimento de acesso aos bens culturais começar bem cedo com as pessoas deficientes visuais tanto no contexto familiar quanto no escolar.
A escola pode começar a despertar o gosto dos seus alunos pelos produtos culturais inserindo em suas práticas o acesso a cultura através das mídias, com essa atitude estará promovendo a cooperação entre os alunos cegos e ou baixa visão com os alunos videntes em sala de aula. O professor será o grande mediador desse processo. Para iniciar a conversa poderá ser proposto ao grupo a exibição de um vídeo com audiodescrição, em seguida realizar um trabalho de conscientização sobre as especificidades da pessoa com deficiência visual e a importância dos recursos de acessibilidade que oportunizam o acesso à cultura de forma inclusiva.
O vídeo As cores das flores, disponível no Youtube, trata de um grande desafio escolar de um menino deficiente visual que precisa escrever uma redação sobre as cores das flores. A bela mensagem do vídeo, instiga uma rica reflexão sobre as práticas escolares para alunos com deficiência visual e possibilita tratar de outras questões pertinentes como: preconceito, vínculo afetivo, respeito às diferenças e propostas de atividades que são basicamente para alunos videntes e sem nenhuma adaptação para os alunos com cegueira. 






O vídeo As cores das flores se passa em uma sala de aula na Espanha, onde o tema da aula, são as cores. Após a explanação sobre o respectivo tema a professora propõe a turma um trabalho de redação sobre as cores das flores. Diego é um aluno deficiente visual faz parte da turma. Após a proposta a professora se despede da turma e fica a pergunta no ar, como Diego conseguirá fazer a atividade se não vê as matizes? A partir daí, a mobilização começa por parte dos colegas, professora (AEE e/ou itinerante), pai e mãe. As atitudes de ajuda ao menino vieram em forma de incentivo, pesquisas em sites, manipulação tátil de flores, contação de história e informações orais. Certo dia Diego passa com sua mãe em lugar descampado e bucólico onde pode ouvir o canto dos pássaros, sentir o cheiro das flores, perceber a brisa suave em sua pele, foi então que teve uma ideia, comentou com a sua mãe. Ao chegar na sala de aula, começa a produzir o seu texto na máquina Braille ao mesmo tempo que sofria várias interferências do ambiente como: colegas vindo ao seu lugar trazendo informações sobre a definição de cor e colegas que estavam fazendo a leitura de suas produções na frente do grupo. Quando a professora faz um novo apelo ao grupo para a leitura, Diego levanta a sua mão destaca o texto da sua máquina e vai a frente com muita desenvoltura e lê em voz alta dizendo: “As flores são da cor do passarinho. E existem muitas cores de flores. Por isso, há muitos passarinhos porque há um passarinho para que cada flor tenha a sua cor. Também têm flores cor de abelha e também cor da vaquinha do campo...” É emocionante ver e constatar que esses seres especiais tem tantas potencialidades e sensibilidades. O vídeo é complementado com legenda em português. Além da possibilidade de troca através do debate que o vídeo proporciona através dos temas sugeridos e outros, a audiodescrição, poderá ser realizada por um aluno da turma que terá a oportunidade de vivenciar a prática desse recurso de acessibilidade tão relevante e importante para a inserção de pessoas com deficiência visual nos espaços de cultura.



*Referências de Leituras:

a) Brasil. Nota Técnica, Nº 21 – Orientações para descrição de imagem na geração de material digital acessível – Mecdaisy. MEC/SECADI/DPEE, 2012. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?


b) Motta , Lívia Maria Villela de Mello; Filho, Paulo Romeu (Org.). Audiodescrição: transformando imagens em palavras. São Paulo - SEDPD, 2010. disponível na opção LIVROS do site: www.vercompalavras.com.br. Acesso em 01/11/2013

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DI

As atividades lúdicas são extremamente importantes na aprendizagem. O lúdico influencia o desenvolvimento do aluno, ensinando-o a agir corretamente em uma determinada situação e estimulando a sua capacidade cognitiva.
Segundo Vygostky, 1989 os jogos proporcionam o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.
Em um jogo ou brincadeira a carga informativa pode ser tão significativa, e os apelos sensoriais podem ser multiplicados, tudo isso, faz com que o nível de atenção e interesse do aluno sejam mantidos, promovendo a retenção da informação e facilitando a aprendizagem. Portanto, toda atividade que incorporar a ludicidade pode se tornar um recurso facilitador na construção da escrita e leitura, e do pensamento lógico além de propiciar o desenvolvimento cognitivo.


BRINCADEIRA: BATATA QUENTE

  1.   Aspectos da Aprendizagem:
  • Desenvolver atenção e a percepção auditiva
  • Reconhecer as letras, relacionando grafemas e fonemas
  • Diferenciar letras de outros sinais gráficos
  • Desenvolver a leitura
  • desenvolver o pensamento lógico

     2) Descrição da Brincadeira
    Ao som de uma música qualquer a batata quente deverá passar de mão em mão. Quando a música parar, o aluno que estiver com a batata na mão deverá retirar de uma caixa (sílabas móveis, letras móveis, palavras, frases, provérbios populares, parlendas, números, material concreto, figuras geométricas etc). Esse material deverá ser selecionado previamente pelo professor e estar de acordo com o nível do aluno e/ou grupo.
*Essa brincadeira tem muitas possibilidades de ser aplicada na aprendizagem de alunos com deficiência intelectual nas diferentes áreas do conhecimento:

a) Na Alfabetização; possibilita o reconhecimento das letras, sílabas, memorização de palavras, leitura de frases, reconhecimento da letra inicial e final das palavras, ações, etc
b) Na Matemática: contagem do número de letras das palavras, reconhecimento de numerais, leitura dos numerais, reconhecimento do valor das cédulas e moedas do sistema monetário brasileiro, formas geométricas etc 
c) Nas Ciências: reconhecimento de produtos de higiene, cores, sons e ritmos, esquema corporal 
d) Nas Artes: mímicas, dramatização, representação pictórica.
e)Na Integração Social: socialização